Domingo, 20 de Fevereiro de 2011

# 12

Numa escala tolstoiana de operação (assim, com multidões de posts a desfilar numa direção ou noutra), uma comprida cola de bloggers que não conseguem ir além de uma reactiva e acanhada liturgia de autofelicitações, tem no fundo a consciência (e não apenas a convicção) de que o realismo socialista (um pensamento de 250 gramas, pegajoso como argila) é tão pouco entranhável numa perspectiva sem ares de curandeirismo como a façanha de se viver em Genebra com os níveis africanos de probreza, desnutrição, e o caralho (e aqui "caralho" é uma palavra que se emprega com desprezo ou não se emprega em absoluto).

O que quero e penso estar a dizer, não é apenas que eu não gosto de merdas que são ditas como se a verdade se tivesse convertido, por fim, num tema urgente, nem tampouco que a contrapartida auditiva daquele grandessíssimo naco de merda só possa ser os Deolinda, mas, sobretudo, que compreendo a pouca paciência do maradona com o carácter contemporizador e polêmico daqueles que empurram (em 100% dos casos, de um modo deliberadamente aleatório) uns conceitos contra outros destruindo a Baía da Guanabara que os separa.

Ainda assim, recomendo que peguem nos posts do António Figueira, e com eles uma vez ao mês assoem o nariz ou limpem o cu (ou intercalem). Porque (e uma parte de mim (de qualquer um) reconhece que esta recomendação foi um acto totalmente judicioso) não sei se algum dia chegaremos a ter uma imagem representativa do embotamento moral* do seu estilo, daquele estilo vesgo (devido a intensidade do seu enfoque), daquelas frases continuamente mal fodidas por exageros microscópicos. Individualmente é quanto pesa o território português, aproximadamente o mesmo que pesava aquilo que hoje é o que chamam de esforços de imaginação. Esforços que se estendem geograficamente de Lisboa até o caralho que o parta a umas quatro mil e quinhentas pulsações por hora. E isto, no meu estúpido modo de ver, é qualquer coisa como a descossaquização da Rússia. Pior: é como abrir mão de um fatalismo por outro mais ofensivo, sem apesar disto perceber o pequeno passo que dá seu estilo até àquilo que tão pouco conhece (e merdas assim, legal ou ilegalmente, são coisas (esforços) que se fazem pelo estilo, mas não por satisfações quotidianas). Seja como for, temos uma Lisboa inteira de razões para fugirmos daquela densidade claustrofóbica que nem Goya nem Gustavo Doré teriam imaginado (ou teriam?). Bom, não sei. Apesar disto, não custa nada admitir, mais ou menos explicitamente, que parece possível, inclusive iminente, que venha a pôr em quarentena o motivo pelo qual simpatizo com ele ou, pelo menos, sinto-me obrigado a compreendê-lo.

 

* Até porque a busca subseqüente, muito mais que um esforço por ser exacto, é a busca de um ritmo idôneo, mesmo que o asco que proporcione não seja rigorosamente moral.

O mais peor às 15:03
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De Lady D'arbanville a 20 de Fevereiro de 2011 às 16:43
Eu gosto-te. Chupava-te até o tutano. Pronto, é isto.


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